O primeiro registro da utilização do zimbro (principal ingrediente do gin) em combinação com álcool data de 70 D.C., quando um médico chamado Pedanius Dioscorides publicou uma enciclopédia de cinco volumes sobre fitoterapia. Nela, ele descreveu o zimbro sendo embebido em vinho para combater doenças no peito.
Em 1055, os monges beneditinos de Salerno, Itália, incluíram uma receita de vinho tônico infundido com bagas de zimbro na obra Compendium Solernita.
Em 1575, Sylvius de Bouve, professor, químico e alquimista da recém-inaugurada Universidade de Leiden, na Holanda, adicionou zimbro ao vinho de malte para criar aquilo que chamou de “jenever”, palavra emprestada do francês antigo “genevre”, que significa “árvore de zimbro”, por sua vez derivada da palavra latina para árvore “zimbrous“. O Jenever foi o precursor do gin e, na época, era utilizado para fins medicinais. Comercializado pela primeira vez pela família Bulsius em Amsterdã, Holanda, e mais tarde, naquele mesmo ano, a família lançou sua marca Bols de jenever.
Durante a guerra europeia dos Trinta Anos, entre 1618 a 1648, o Jenever foi introduzido na Inglaterra por soldados ingleses que retornavam da guerra que, de forma bastante inconveniente, interrompeu o fornecimento de conhaque francês para a Inglaterra. O Jenever preencheu aquele vácuo. A essa altura, o jenever era combinado com um destilado de grãos holandês e, ao retornarem, os soldados contavam histórias da coragem que o jenever holandês lhes dera no campo de batalha. Isso deu origem à expressão inglesa “coragem holandesa”, que significa coragem adquirida ao estar sob o efeito do álcool.
Quando Guilherme de Orange da Holanda ascendeu ao trono inglês em 1689, o Jenever foi transformado de bebida medicinal em uma bebida inglesa patriótica e da moda. Como resultado, em 1742, as vendas de Jenever aumentaram exponencialmente. Para comparar, em 1689 toda a Inglaterra produzia cerca de 2,27 milhões de litros de gin por ano. Em 1730, Londres produzia sozinha mais de 90 milhões de litros de gin por ano.
No início dos anos 1700, o nome da bebida mudou de Jenever para Gin. O primeiro registro escrito fazendo referência à palavra “gin” ocorre em 1714, em um livro de intitulado “The Fable of Bees, or Private Vices and Public Benefits” escrito por Bernard Mandeville em Londres. Esse filósofo social anglo-holandês relatou o fato dos ingleses ficarem tão intoxicados com o jenever, que a encurtavam o nome da bebida para “gen” que, mal pronunciado, tornou-se logo “gin”.
A bebida que eles consumiam nos anos 1700 estava, no entanto, muito longe do gin moderno. Era cheia de impurezas e outros aditivos para mascarar o sabor desagradável causado por métodos e tecnologias inadequados de destilação. Entretanto, o gin era mais barato do que a cerveja, além de não ser regulamentado ou tributado. O consequente consumo excessivo de gin levou a muitas centenas de milhares de mortes no século XVIII, principalmente por envenenamento por álcool.
Em 1760, os altos impostos sobre as bebidas destiladas e a popularidade da cerveja resultaram em uma redução no consumo de gin. A qualidade do gin melhorava lentamente, e alguns dos primeiros destiladores de gin comerciais foram fundados, sendo o Greenall’s Gin estabelecido por Thomas Dakin em 1761 e o Gordon’s Gin estabelecido por Alexander Gordon em 1769 em Bermondsey, Londres. Isso marcou o início de uma indústria de destilação inglesa regulamentada e respeitável, que produzia bebidas alcoólicas de qualidade, e Londres era o centro da indústria de destilação de gin. Isso se devia em grande parte ao rio Tamisa e suas docas e cais, que forneciam aos destiladores ingredientes matérias primas então exóticas, como laranjas, limões e especiarias vindas das colônias inglesas. Naquela época, Londres era a maior cidade do mundo, e suas docas eram as mais movimentadas.
Em 1830, Charles Tanqueray estabeleceu o gin Tanqueray em sua destilaria Bloomsbury em Finsbury, Londres. Ele destilava pelo processo tradicional “one-shot” em alambique de cobre apelidado de “Old Tom”. No ano seguinte, Aeneas Coffey patenteou seu destilador “Coffey” de duas colunas. Conhecidos como “destiladores contínuos”, podem funcionar continuamente sem a necessidade da pausa entre os lotes, como nos alambiques. .
O Coffey permitia ainda que os destiladores produzissem um destilado muito mais puro em uma escala maior do que era possível anteriormente. Em meados do século XIX, a qualidade do gin produzido a partir dos destilados claros dos novos alambiques contínuos estava perto do padrão que desfrutamos hoje. Os destiladores também começaram a omitir o açúcar, que anteriormente era utilizado para suavizar a aspereza dos gins de estilo antigo. Aquele novo estilo de gin acabou sendo conhecido como gin seco e, em seguida, “London Dry Gin”.
A combinação de gin e tônica foi inventada em 1870, quando Schweppes lançou sua primeira água tônica carbonatada de quinino, exportada com o London Dry Gin para as colônias britânicas, em particular para a Índia. Alcalóide amargo com funções antitérmicas, o quinino adicionado à água tônica é um pó branco extraído da casca pungente da árvore cinchona sul-americana. Foi utilizado como tratamento eficaz contra a malária, o que levou a um aumento considerável no consumo de gin-tônica no Raj britânico a partir de 1870.
Em 1874, o primeiro bar de coquetéis americano devidamente adequado abriu em Piccadilly Circus, em Londres. No Criterion eram servidos o London Dry Gin e Pink Gin (gin misturado com bitters aromáticos). Em 1876, o Beefeater Gin foi lançado pela James Burrough Ltd. em Londres.
Na década de 1890, os avanços na tecnologia de garrafas permitiram a produção das primeiras garrafas de vidro transparente, que mostravam a clareza do líquido nelas contido. O Gordon’s foi o primeiro dos grandes destiladores a aproveitar esta nova oportunidade de marketing.
Já em 1933, imediatamente após o fim da Lei Seca nos EUA, Gordon’s começou a destilar e engarrafar gin em uma grande destilaria construída em Nova Jersey. Na década de 1950, os gins secos haviam se tornado menos aromáticos e se assemelhavam aos gins secos que conhecemos e amamos hoje.
Após a década de 60, o consumo de gin no Reino Unido e nos EUA (dois maiores mercados de gin) caiu drasticamente à medida em que a vodka se tornava o destilado preferido da maioria dos consumidores. O gin passou então a ser visto como antiquado, velho e desatualizado. Em nada ajudou o fato da popularidade dos coquetéis – nos quais grandes quantidades de gin costumavam ser consumidas – ter diminuído na década de 70, e no início dos anos 80, o consumo mundial de coquetéis e gin estava em baixa.
Em 1988, o conglomerado inglês Independent Distillers and Vintners, que na época possuía as marcas de gin Gordon’s, Tanqueray e Bombay Dry, decidiu tentar reanimar o mercado de gin em conjunto com a Carillon Importers Ltd., então importadores da Absolut Vodka, popularíssima nos EUA. Em conjunto, elas lançaram o Bombay Sapphire Gin, envasado em uma garrafa azul em homenagem aos cabelos azuis enxaguados das velhas inglesas, as principais consumidoras de gin à epoca. Foi um sucesso instantâneo e surpreendente. Ousado e inspirador, o lançamento do Bombay Sapphire marcou a guinada de sorte do gin.
Nos bastidores desse renascimento, as vendas de gin aumentavam significativamente, e os grandes destiladores começaram a exportar seus gins para novos territórios. Entre eles, o Brasil, que então veria a importação das marcas Tanqueray, Gordon’s, Beefeater e Bombay Sapphire. Tais gins eram, no entanto, exorbitantemente caros. Consequentemente, a cachaça manteve seu domínio no mercado brasileiro de destilados, e o gin avançou muito pouco até o final do século XX.
O renascimento do gin resultou em destilarias menores movidas pelo desejo de entrar no mercado e quebrar o domínio dos grandes destiladores multinacionais, que produziam tipos amplamente semelhantes de gin. Começa então uma tendência na Inglaterra, com a Sipsmith recebendo a primeira licença oficial de destilador de gin concedida naquele desde 1820, depois de muito lobby para mudar as misteriosas leis inglesas relacionadas à destilação, que impunham muitas barreiras à entrada de pequenos destiladores. A licença da Sipsmith abriu as portas para novos e pequenos destiladores de gin que ansiosamente entravam no mercado.
Nasce então a indústria do gin artesanal que, desde então, se espalhou pelo mundo sem quaisquer sinais de desaceleração. Pelo contrário, os destiladores estão experimentando novas técnicas, sabores e cores, e o consumidor agora tem uma vasta gama de opções a escolher.
Há tempos o mix alcoólico principal da Inglaterra, o Gin & Tônica é agora uma das bebidas mais vendidas do mundo. Bares ao redor do mundo não apenas oferecem uma variedade surpreendente de gins, mas também uma grande variedade de águas tônicas e guarnições exóticas.
O gin artesanal finalmente chega ao Brasil, e é muito emocionante para nós fazer parte dessa verdadeira revolução que agora varre o país. Com proprietário Brasileiro e Mestre Destilador Inglês, o Ivaí Gin representa o melhor dos dois mundos. E isso está expresso na qualidade insuperável e no sabor único de nossa variedade incomparável de gins artesanais.